O filme Dr. Mesmer – O Feiticeiro (1994) retrata bem os extremos de opiniões sobre o doutor Franz Anton Mesmer, criador do mesmerismo e defensor da ideia do magnetismo animal, postulando a existência de um fluido universal presente também nos seres humanos, sendo as doenças resultado de desequilíbrio deste.
O roteiro aborda de uma forma interessante a forma com que Mesmer (Alan Rickman) “curou” a cegueira da pianista Maria Theresa (Amanada Ooms), mesmo que temporariamente. Além desse acidente, o “feiticeiro” em meio a técnicas excêntricas, de certa forma ritualísticas, acaba descobrindo a força da sugestão. Do seu sistema surge a hipnose, que tem destaque com Charcot, integrante do grupo considerado um dos fundadores da neurologia como especialidade da medicina, e inspirando Freud e o surgimento da psicanálise.
Para muitos, Mesmer era um milagreiro, capaz de feitos extraordinários em público. Para outros (muitos de seus colegas de profissão), era um charlatão. Independente disso, o fato é que ele influenciou muito várias áreas, da psicologia ao espiritismo, e gravou seu nome na história.
O filme em si não é tão ruim, a história se segura nos fatos, dando apenas leves escorregões colocando um pouco mais de “pimenta” à trama.
Os trechos do filme que mostram os trabalhos de magnetismo de Mesmer são parecidos com a imagem que eu tinha na minha mente após ler o livro.
Outro ponto que chama a atenção são pequenos momentos onde se vê Dr. Mesmer fazendo suas colocações de como funciona o processo de cura.
No clímax do filme ocorre a cura da pianista, que de fato, existiu, e sua melhora realmente gerou muita controvérsia, mas não sei afirmar se tudo ocorreu como colocado sobre a trama que envolve a personagem.
Alan Rickman traz Mesmer um pouco mais agitado e inseguro do que de fato era, na literatura que tenho mostra uma carta com uma descrição de uma pessoa com voz mais mansa e grave, demonstrando ser uma pessoa muito culta e de maior presença.
Um ponto intrigante para quem leu a literatura, é sobre sua relação com a família, pois de fato os personagens que ali estão existiram, mas a postura de Mesmer perante eles não me parece ter sido da forma que foi colocada no filme.
Observo que muitas das crises do filme apresentam-se como um ataque de histeria. Achei falta de criatividade dos roteiristas, pois li relatos que com o magnetismo animal foram tratados diversos tipos de enfermidades.
Fiquei com a impressão que a direção do filme achou mais fácil e “barato” os atores apenas espernearem e se debaterem ao invés de perder tempo com maquiagens e produção. Acredito que não havia necessidade de tanta gritaria…
Necessitando de algumas correções, o filme nos traz uma história verídica de um homem que criou uma ciência chamada “Magnetismo Animal”, que, por ir contra todos os conceitos de terapia da época, sofreu perseguição e foi negada pela sociedade médica. Antecedeu e abriu caminho para os conceitos do espiritismo. Kardec sempre trata de Mesmer e do Magnetismo Animal com muito respeito e carinho, sempre defendendo sua causa e seus propósitos.
OBS: Lembrando que todas as técnicas de magnetismo de cura devem ser trabalhadas em nome da caridade! Quando algum operador fugir deste conceito afaste-se dele!